11 de novembro de 2011

Um depoimento

Encontrei no site da abcdaids um espaço destinado para depoimentos de pessoas que descobriram estar positivas ou não. Achei que seria interessante publicar essas histórias no blog. Cada relato revela modos singulares de viver essas experiências. Ler o depoimento para alguns talvez seja uma oportunidade para ver além do estigma.


Fatinha
25 anos
No fim de dezembro de 2007, eu vinha me sentindo bastante solitária pois havia terminado um longo namoro e já estava só há 6 meses.
Certo dia, estava no msn e entrou um garoto que eu conheço há muito tempo, mas que não tinha notícias desde 2005. Nós costumávamos ficar nas baladas e eu me lembrava que nossa química era muito forte, mas nunca tinha rolado algo mais, pois ele era muito galinha e eu sabia disso. Depois de um tempo eu conheci meu ex e parei de frequentar baladas, perdemos o contato.
O papo na net esquentou e acabamos combinando um reencontro. Fomos pra um bar e ficamos chapados. Pude perceber que a química que rolava entre nós ainda era a mesma e acabamos indo pra um motel. Eu pedi a camisinha normalmente como sempre fiz com meus ex namorados. Pelo menos até rolar aquela confiança de relacionamento estável.
De repente no meio da transa ele tirou o pênis e ejaculou fora. Só aí eu percebi que ele tinha tirado o preservativo sem meu consentimento. Perguntei porque ele fez isso, ele se desculpou e eu fiquei tranqüila...afinal ele tinha ejaculado fora mesmo. A minha única preocupação até então era ficar grávida, afinal ele é um cara lindo, estudado, cheio de energia, com cara de saúde.
Fui pra minha casa e nem esquentei mais com isso. Passados 3 dias, senti febre e dor de garganta. Achei normal, tomei remédios...em dois dias passou. Exatamente 1 semana depois me deu um estalo. Pensei - puts, transei sem camisinha! Fui na net pesquisar sobre aids e pirei quando ví os sintomas da fase aguda...
A partir daí minha vida virou um inferno...eu comecei a ter todos os sintomas, cansaço, dores no corpo, diarréia, tive dor de garganta de novo e a febre voltou.
Não dormia, não comia, só varava as noites pesquisando sobre a doença e orando. Quase caí pra trás quando ví os números da doença...a maioria concentrados no Sudeste, onde moro. Foi terrível esperar 60 dias para o exame. Comecei a dar mancada no trabalho, em casa eu esquecia tudo, deixei o forno ligado por 4 horas sem nada dentro, minha mãe quase me matou.
No meio de todos esses sentimentos, eu encontrei uma comunidade no orkut sobre HIV, o que foi minha salvação. Lá comecei a conversar com pessoas portadoras que vivem normalmente e eles me deram muito apoio e informação, me fazendo ver que ter HIV hoje em dia não é mais sentença de morte e é possível sim ser feliz e viver numa boa mesmo sendo portador.
Bem, a conclusão é que o teste deu NEGATIVO, mas mesmo assim eu agradeço por ter passado por tudo isso, pois hoje eu vejo que a pior parte desse virus é todo preconceito que ele traz. E que quando a gente separa o preconceito da doença, o que resta são pessoas normais, que trabalham, amam, namoram...Claro que é muito melhor não ter o hiv, mas ele não é um ponto final na vida de ninguém, é apenas uma vírgula, basta se cuidar.
E sexo com camisinha sempre!
Fatinha

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